terça-feira, 22 de março de 2011

A Verdadeira autora da crônica - Encerrando Ciclos

Dessa vez quem vos escreve não sou eu, é a jornalista colombiana Sonia Hurtado (brigas autorais à parte), com Paulo Coelho. O texto fala de fases e de como devemos aprender a aceitar que elas passam. Fala de um sentimento, o de perda, que todos nós temos, mas que ainda não aprendemos a lidar com ele.


Encerrando Ciclos
Sonia Hurtado

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo
necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras
etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando
capítulos - não importa o nome que damos,
o que importa é deixar no passado os momentos
da vida que já se acabaram.

Foi despedido do trabalho?
Terminou uma relação?
Deixou a casa dos pais?
Partiu para viver em outro país?
A amizade tão longamente cultivada
desapareceu sem explicações?

Você pode passar muito tempo se
perguntando por que isso aconteceu.
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo
enquanto não entender as razões que levaram certas
coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua
vida, serem subitamente transformadas em pó.
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos:
seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos,
seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando
capítulos, virando a folha, seguindo adiante,
e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no
presente e no passado, nem mesmo quando
tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser
eternamente meninos, adolescentes tardios,
filhos que se sentem culpados ou rancorosos
com os pais, amantes que revivem noite e dia
uma ligação com quem já foi embora e não
tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos
é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!)
destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas
para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação
do mundo invisível, do que está acontecendo
em nosso coração - e o desfazer-se de certas
lembranças significa também abrir espaço
para que outras tomem o seu lugar.

Deixar ir embora.
Soltar.
Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas,
portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que
reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio,
que entendam seu amor.
Pare de ligar sua televisão emocional e assistir
sempre ao mesmo programa, que mostra como
você sofreu com determinada perda: isso o estará
apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos
que não são aceitos, promessas de emprego que não
têm data marcada para começar, decisões que
sempre são adiadas em nome do “momento ideal”.
Antes de começar um capítulo novo, é preciso
terminar o antigo: diga a si mesmo que o que
passou, jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época em que podia
viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é
insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil,
mas é muito importante.
Encerrando ciclos.
Não por causa do orgulho,
por incapacidade, ou por soberba,
mas porque simplesmente aquilo
já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco,
limpe a casa, sacuda a poeira.
Deixe de ser quem era,
e se transforme em quem é.

(Autor: Paulo Coelho já admitiu no prefácio de um dos seus livros que não é dele a autoria Encerrando Ciclos)

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